segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Polo Naval do Jacuí - investimentos projetados em mais de R$ 450 milhões

GIGANTE
Polo Naval do Jacuí nasce com investimentos projetados em mais de R$ 450 milhões

Cerimônia no Palácio Piratini, em Porto Alegre, na última terça-feira, oficializou o novo centro de produção da indústria oceânica do país

Rodrigo Ramazzini
O Polo Naval do Jacuí já nasce gigante. Se todos os empreendimentos projetados às margens do rio Jacuí em Charqueadas saírem efetivamente do papel, o volume de investimentos do novo centro de produção da indústria oceânica do país será maior que R$ 450 milhões, com a expectativa de gerar mais de 6.000 vagas diretas de emprego. A oficialização do novo Polo ocorreu na última terça-feira, 21, em cerimônia no Palácio Piratini, em Porto Alegre, com a participação do governador do Estado, Tarso Genro, e da presidente da Petrobras, Maria da Graça Foster, empresários, autoridades estaduais e de uma comitiva da Região Carbonífera.
- Este Polo Naval do Jacuí não é produto da espontaneidade. É fruto de um planejamento ordenado, pensado, estruturado e responsável. Por isso acho que efetivamente hoje temos que comemorar – comentou o chefe do Executivo gaúcho, Tarso Genro, durante a solenidade.
A arrancada do novo polo consolida o Rio Grande do Sul como o segundo maior Estado produtor para o segmento naval, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro. Ao apresentar a estratégia de expansão da indústria oceânica, o secretário Estadual de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI), Mauro Knijnik, projeta a expansão dos investimentos ao longo das hidrovias:
- Neste primeiro momento, alguns municípios estão se beneficiando diretamente. Mas, temos a convicção de que essa nova onda vai se espalhar ainda mais por outras localidades ao longo do Rio Jacuí e Taquari – afirma.
Presidente da IESA revela detalhes

Primeiro empreendimento a consolidar as obras no Polo Naval do Jacuí, a empresa IESA Óleo & Gás, por meio do seu presidente, mostrou todo o orgulho pelo pioneirismo:
- Hoje é um dia muito importante para a IESA. Temos orgulho de afirmar que demos o pontapé inicial na viabilização naval do Jacuí, ao anunciarmos a instalação da nossa base em Charqueadas para a produção de módulos para a indústria de petróleo – disse Valdir Lima Carreiro, em discurso.
Ainda, o presidente revelou detalhes da escolha por Charqueadas, depois de solicitar a uma equipe que identificasse os melhores locais a beira-mar que pudessem receber o investimento que atenderá a demanda do petróleo extraído da camada pré-sal. No entanto, as buscas geraram um resultado inesperado:
- Para a minha surpresa, trouxeram, como melhor alternativa, Charqueadas. Como todos sabem, Charqueadas não fica à beira-mar. Inicialmente, eu discordei. Para me convencerem, apresentaram um relatório mostrando que no município existe um boa rede escolar, acessos rodoviários adequados, navegabilidade do Rio Jacuí, também há grandes indústrias na região, além de ser próxima de Porto Alegre. Ainda não satisfeito, resolvi visitar o prefeito e conversar com representantes da comunidade. Vi que não teria escapatória. Eles estavam obcecados com a ideia e dispostos a resolver quaisquer problemas que pudessem aparecer – contou Carreiro.
A presidente da Petrobrás e o prazo 
Presença ilustre na cerimônia que oficializou o Polo Naval do Jacuí, a presidente da Petrobrás, Maria da Graça Foster, projetou o volume de petróleo a ser extraído pela Estatal nos próximos anos:
- Em 2016, nossa produção alcançará 2,5 milhões de barris de petróleo por dia, saltando para 4,2 milhões em 2020 – planeja.
Ainda, falou sobre a importância da indústria naval para o país:
- Entendemos a indústria naval como uma indústria estratégica não só para a Petrobras, mas também para o Brasil, não apenas por sua capacidade de mobilização de mão de obra e recursos financeiros, mas também porque ela tem um alto fator de multiplicação ao longo da sua cadeira produtiva. Além disso, a indústria naval é vital para o escoamento dos bens produzidos pelo país e sua inserção na economia mundial –completou.
Ela também contextualizou o novo polo na produção da indústria oceânica do Brasil:
- O Polo Naval do Jacuí é mais um indicador do fortalecimento da indústria naval brasileira e representa o deslocamento de investimentos para uma região de grande potencial industrial – afirmou.
Por fim, a presidente da Petrobrás ressaltou os compromissos da IESA no cumprimento dos contratos, principalmente no quesito prazo de entrega dos módulos:
- Eu fiquei muito satisfeita quando ouvi o presidente (da IESA) colocar que está preocupado com prazos. Eu estou extremamente preocupada com prazos também. Afinal, do sucesso da Petrobrás depende o sucesso desse polo naval – finalizou.
Contratos assinados
A solenidade marcou tanto a assinatura do decreto que institui o Polo Naval do Jacuí, localizado às margens dos rios Jacuí e Taquari, bem como de protocolos de intenções entre o governo do Estado e as empresas Metasa e Intecnial. Ainda, marcou o compromisso de financiamentos das empresas com o Badesul e Banrisul.
Intecnial
Com sede em Erechim, a Intecnial irá investir R$ 30 milhões no já existente estaleiro de Taquari para fabricação de módulos elétricos.
Indústria oceânica
Durante a cerimônia, o presidente da FIERGS, Heitor José Müller, entregou ao governador Tarso Genro um estudo produzido pela entidade sobre a implantação e a operacionalização dos polos navais no Estado, intitulado “Diretrizes básicas para o plano de desenvolvimento da indústria oceânica no RS”.
Contratos de 911,3 milhões de dólares
Os contratos assinados entre a Petrobrás e a IESA Óleo & Gás no mês passado preveem o fornecimento de 24 módulos de compressão para 6 plataformas, com opção de fornecimento de mais 8 módulos para outras 2 plataformas replicantes do Pré-Sal. O valor total dos contratos é de 720,4 milhões de dólares, podendo chegar em 911,3 milhões de dólares se confirmado o fornecimento dos 8 módulos adicionais. O prazo para o fornecimento de todos os módulos é de 54 meses.
Para execução dos contratos, a IESA Óleo e Gás S.A. utilizará a unidade a ser erguida em Charqueadas, que terá 350 mil m² de terreno e 19 mil m² de área construída.
Contrato assinado entre a IESA e a Metasa
Na última terça-feira, a IESA e a Metasa também assinaram um contrato de fornecimento de materiais. A Metasa produz estruturas metálicas para plataformas.


ENTREVISTA – Valdir Lima Carreiro, presidente da IESA Óleo & Gás
“A partir do 1º trimestre, nós vamos começar a montagem dos primeiros módulos”
Depois da cerimônia no Palácio Piratini, em Porto Alegre, que oficializou o Polo Naval do Jacuí, o presidente da IESA Óleo & Gás, Valdir Liam Carreiro, concedeu uma entrevista para falar dos próximos passos da instalação da unidade de Charqueadas, bem como da cobrança pelo cumprimento de prazos pela presidente da Petrobras, Maria Graça Foster, durante seu discurso. Confira.
Como será o cronograma das obras e o começo da operação?
Valdir Lima Carreiro - 
Estamos fazendo o canteiro e vamos terminar no 1º semestre do ano vem. Mas, já a partir do 1º trimestre, vamos começar a montagem dos primeiros módulos. Esse é o cronograma. E vamos entregar o último até 2017.
Quando serão entregues os primeiros módulos?
Carreiro - Os primeiros quatro módulos serão entregues em julho de 2014. Temos que correr contra o tempo. Agora, foi dada a partida. Já estamos fazendo toda a parte de engenharia, adquirindo todos os equipamentos que serão montados aqui.
Os módulos fabricados em Charqueadas serão acoplados nas plataformas em Rio Grande ou no Rio de Janeiro?
Carreiro - Na realidade, neste primeiro contrato, são 32 módulos e quem vai entregar são empresas que estão lá no Rio de Janeiro: a Keppel, em Angra dos Reis, e a Mendes Junior com a OSX, lá no porto de Açu, além da Jurombi, localizada no estado do Espírito Santo. Elas que farão a integração. Os módulos sairão de balsa de Charqueadas e irão até lá.
Como o senhor avaliou a cobrança feita pela presidente de Petrobrás em relação ao cumprimento dos prazos?
Carreiro - 
Estamos acostumados. Nós temos diversos contratos com a Petrobrás. E ela realmente é extremamente exigente e tem que ser porque estamos falando de oito plataformas. Oito plataformas produzem, no mínimo, 800 mil barris de petróleo por dia. Então, se nós atrasarmos qualquer módulo, podemos causar um grande prejuízo à Petrobrás. Nós sabemos que seremos cobrados em todas as etapas. A minha equipe está preparada para isso. Sabemos como funciona.
FRASES SOBRE O POLO NAVAL 
“O Polo naval tem toda a condição de dar certo! Foi uma grande sacada este deslocamento para o Jacuí. Quando fica todo mundo no mesmo lugar, isso acaba gerando algum tipo de ineficiência"
Maria da Graça Foster, presidente da Petrobrás.
“Descentraliza o desenvolvimento do Estado, levando para uma região de pouca oferta de emprego. Agrega, também, na fase produtiva local, um conjunto de encomendas que vai gerar na região novas empresas para serem fornecedores dessas fornecedoras de insumos para a Petrobras. Ainda, é decisivo para a nossa visão de desenvolvimento, que não é artificial, que se enraíza na base produtiva local, gera empregos e cria uma dinâmica virtuosa daqui para frente. É um grande momento para o Estado!”
Tarso Genro, governador do Estado.

Polo representa ressurgimento do transporte por hidrovias


Para o governador Tarso Genro, o início das atividades do Polo Naval que transportará, via Rio Jacuí, os módulos produzidos no local, representa o renascimento das vias hidroviárias do Estado:
- O potencial hidroviário do Rio Grande do Sul tem sido até agora uma promessa e uma utopia. Com a instalação do polo naval, essa hidrovia passa a ser uma estrutura efetiva que, daqui por diante, só vai se desenvolver – projeta.
Para possibilitar o uso dos rios como transporte de cargas serão investidos R$ 40 milhões na dragagem e sinalização noturna das hidrovias. Somente o Jacuí absorverá R$ 4 milhões em recursos a curto prazo.
Comitiva da região é recebida na FIERGS
Também na terça-feira, pela manhã, uma comitiva formada por cerca de 40 pessoas da Região Carbonífera foi recepcionada para uma reunião junto ao Comitê de Competitividade em Petróleo, Gás, Naval e Offshore (CCPGE) da FIERGS, com o objetivo de obter conhecimento sobre o cenário brasileiro na área de Petróleo e Gás, bem como seus reflexos no novo Polo Naval do Jacuí. O setor petrolífero deverá receber mais de 280 bilhões de dólares em investimentos, entre Petrobras e outras companhias, até o ano de 2016.
- Ficaram claros os estudos e direcionamentos que serão dados ao Polo Naval do Jacuí. Desta forma, não há mais nenhuma dúvida que grandes investimentos virão para nossa cidade e, também, a necessidade de nossos empresários se prepararem para captar o máximo possível do evento – analisa Otávio Ávila, gerente do Sicredi de Charqueadas, após a reunião.
O encontro, que contou com a presença de representantes da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP) e da Associação Gaúcha de Óleo e Gás, também serviu para que o empresariado da região tivesse orientações sobre os canais de acesso às empresas do ramo naval, com o objetivo de tornarem-se fornecedores do segmento. Na oportunidade, o superintendente da ONIP, Luis Mendonça, apresentou o programa Multifor da entidade, que visa à obtenção de fornecedores para a cadeia produtiva do Petróleo.
A reunião na Federação foi articulada pelo presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços de Charqueadas e da empresa JGB Equipamentos de Segurança S/A, José Geraldo Brasil, que também foi denominado pela FIERGS como o embaixador da CCPGE na região. O encontro contou, ainda, com o apoio da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Charqueadas.
Saiba mais:
O MultiFor é um Programa de Desenvolvimento de Fornecedores que integra diversas ações da ONIP, por meio de um processo estruturado, com o objetivo de multiplicar fornecedores de bens e serviços para a indústria do petróleo e gás no Brasil.
O Programa buscará estruturar projetos de desenvolvimento via produto/fornecedor, em linha com a missão da ONIP de contribuir para a ampliação do conteúdo local em bases competitivas. Mais detalhes de como integrar a rede Multifor no site: http://www.onip.org.br/


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