Luis
Nassif, GGN
Algumas considerações sobre a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
A data escolhida para a divulgação - 7 de setembro, aliás mesma
data da eclosão do escândalo Erenice - e as informações divulgadas até agora
sugerem muito mais uma chantagem, com elementos políticos, do que elementos
concretos para condenar os acusados: políticos e empresas. Uma denúncia exige dados
concretos, datas, documentos, comprovação de pagamentos. Costa traz relatos. É
como se avisasse: se me deixarem na mão apresento as provas. Ou então é possível
que Veja tenha feito um cozidão atribuindo-o a Costa.
A Satiagraha parou assim como a operação da Polícia Federal que
levantou subornos da Camargo Correia - apanhando com a boca na botija o então
chefe da Casa Civil do governo Alckmin Arnaldo Madeira (que a campanha
de Aécio cometeu a imprudência de colocar na coordenação paulista). Nos dois
casos, alegou-se escutas ilegais, álibis formais para justificar a blindagem
desses grupos.
Mais uma vez, o episódio será utilizado como elemento político
de lado a lado. Mas a mãe de todos os crimes - o financiamento
Algumas considerações sobre a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Costa traz indícios daquele que provavelmente é o mais amplo caso de
corrupção política sistêmica do país. A desenvoltura com que atuou na Petrobras
comprova que dispunha de uma carta em branco. Há pelo menos seis anos rumores
sobre sua atuação corriam mercado. É evidente tratar-se de uma peça da real
politik de governo.
A denuncia significará um corte no atual modo de fazer política? Evidente
que não, porque dificilmente os subornadores serão punidos. E porque uma
apuração ampla dos desvios políticos não poupará nenhum partido.
Além disso, até hoje nenhuma investigação envolvendo grandes grupos
prosperou na Justiça.
O "mensalão" só foi adiante depois que o Procurador Geral da República
inicial, Antonio Fernando de Souza, o sucessor Roberto Gurgel e o relator
Joaquim Barbosa tiraram o Opportunity da jogada
O próprio episódio do buraco do Metrô resultou em um acordo nebuloso entre
o governo José Serra, o MInistério Público Estadual e as empresas, pelo qual as
diretorias foram poupadas e as empresas tiveram a liberdade de indicar um
funcionário para o cadafalso.
Em ambos os casos, os grupos de mídia não manifestaram indignação. O que
comprova que denúncias e indignação são armas políticas ou de chantagem, não
instrumentos de melhoria institucional.
Não há velha e nova política.
Há a mesma política velha atingindo todos os grupos. O envolvimento direto
do ex-governador Eduardo Campos com o esquema Costa tira a aura de pureza da
candidatura Marina. Não fosse o envolvimento direto de grandes grupos econômicos
blindados na Justiça, o episódio Paulo Roberto Costa seria mais agudo que o
"mensalão".
O PSDB tem os escândalos do Metrô.
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