Comentário ao post "Os indicadores de educação no Brasil"
Concordo que gestão seja importante, mas gestão não pode existir sem planejamento e grandes decisões políticas prévias.
Existem os indicadores para medir os
avanços na educação, mas o poder público, seja federal, estadual ou
municipal, tomou alguma decisão política que faça ser esperado grandes
saltos qualitativos no setor? Ou nada foi mudado e espera-se que com
engenharias e reengenharias de gestão algum milagre seja operado?
Um dos grandes desafios para a nossa educação pública é atrair de mão de obra qualificada.
Dos últimos anos para cá, foi elaborado algum plano articulado para valorizar a sua carreira?
Não desmerecendo nossos educadores,
que resistem às mais diversas intempéries ao exercer seu ofício, mas
falta valorizar o Professor a ponto do Magistério se tornar uma carreira
tão ou mais atraente que a Magistratura, por exemplo, como fora em
outros tempos.
"Utopia! Se nem para Professor Universitário está fácil, imagina para o da educação básica?"
Com certeza, só que a carreira dos
Professores, em todas as instâncias, está desvalorizada, porque a lógica
de ganhos dos sindicatos está na sua capacidade de pressão, e não
conforme as prioridades que os nossos governantes deveriam estabelecer.
Sindicato de Professores nenhum, neste
contexto, conseguirá com greves conquistar uma carreira tão valorizada
como a de Fiscais e Promotores. Mas se a população de um modo geral
começar a aderir a causa deles, engrossando o coro das ruas para
pressionar políticos, como agora está ocorrendo no RJ, podemos ver
algumas mudanças no front.
Enquanto for mais atraente ministrar
aulas em colégios privados, ou prestar concurso em outras carreiras
públicas, não conseguiremos mudar esta lógica imperante, do ensino
público ser enxergado como aternativa última, que só tem valia para os
que não conseguem arcar com colégios privados.
Aliás, este próprio conceito do "gestor" aplicado a educação pública gera um pouco de mal-estar.
Não é a toa que Cláudia Costin seja
tão valorizada pelos nossos governantes. Ao invés dos números serem
instrumento para implementar melhorias, conforme Nassif pontuou neste
tópico, as planilhas e os resultados se tornam instrumentos em si, e
todos os fatores envolvendo a educação se tornam variáveis, custos que
talvez tenham que ser cortados, e assim doravante.
Saudades do tempo em que nossos
Secretários de Educação eram profissionais respeitados por todos os
Professores e Pedagogos, como Darcy Ribeiro e Paulo Freire, que
vislumbravam o lado humano da questão, que acreditavam em grandes
mudanças de conceitos ao invés de milagres de gestão.
O grande problema também na
administração pública é a descontinuidade de políticas acertadas.
Depois
de Brizola no RJ e Erundina na cidade de SP, o quanto ainda subsiste de
herança dos seus mandatos para a educação?
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