Charges escolhidas por Ruben Banda
O “novo” com cheiro de mofo.
Recentemente, e mais uma vez, se viu
grande movimentação no Congresso Nacional e um troca-troca partidário
que causaria espanto a qualquer marciano.
A este balaio de gatos se juntam as
alianças partidárias tão esdrúxulas que inviabiliza qualquer cumprimento
de promessas de campanha, coerência programática, ou mesmo harmonia
entre integrantes de um mesmo partido.
São antigos caciques conservadores que
migram para partidos ditos socialistas, partido de sindicalistas que
recebem integrantes da bancada empresarial, partidos evangélicos que
recebem ateus e muito mais.
Nesta maré de incoerência e contradições
é que políticos como Bornhausen e Heráclito Fortes oriundos do “velho”
DEM entram para o “novo” PSB.
Como consequência deste intricado jogo é
comum ver na votação de matérias que tramitam no legislativo políticos
de oposição votando a favor do governo e contra a orientação da bancada,
da mesma forma que políticos da base de apoio ao governo votando contra
os interesses destes.
Emblemática a postura do deputado
Vaccarezza (PT/SP) que sustenta, como coordenador do Grupo de Trabalho
da Reforma Política, uma total desvirtuação do projeto petista de
reforma política.
Dentro deste quadro como situar o que é oposição ao governo?
Trata-se da falência do modelo de
representatividade e pode-se questionar se a democracia tem sido
exercida a contento dentro dos parâmetros conhecidos.
Sim, torna-se claro que os partidos
políticos fraquejam e em seu lugar nos empurraram bancadas setoriais e
corporativistas. A crítica é que os interesses das bancadas se tornam
mais expressivos do que os programáticos dos partidos, e não a negação
ou condenação das bancadas setoriais.
O que comumente se vê são
parlamentares votando contra a orientação partidária e em favor da
orientação da bancada, mesmo que esses votos estejam em total desalinho
com o programa do partido.
Com toda esta contradição não é de se
estranhar a belicosidade entre membros de um mesmo partido, como também
abala a estrutura partidária, e nestes rastros inviabiliza governos e
favorece a desarmonia entre os poderes.
Com esta fragilidade apontada se torna
comum, ou mesmo obrigatório, o loteamento de cargos do executivo não
para que os indicados exerçam a legítima defesa das suas bandeiras e
executem as promessas e programas e sim para que dê sustentabilidade ao
governo em sua pessoalidade.
Com esta inconsistência se tornou usual
que políticos individualizados recorram ao STF contra os seus próprios
partidos, obrigando o STF a decidir sobre assuntos que deveriam ser de
alçada exclusiva do legislativo.
Com esta incoerência se tornou comum que
governos com vasta maioria parlamentar de apoio recorram a vetos para
barrar a aprovação de artigos que causam altos prejuízos para as
propostas de governo.
Pode-se afirmar que a oposição se tornou
o exercício da capacidade de bloquear o governo e, não de enfrentá-lo
abertamente dentro de propostas programáticas. O pragmatismo parece ter
vencido.
Por tudo isso uma reforma urgente, profunda, séria e consistente se torna obrigatória.
Constituinte específica já
Comentários cabíveis:
Constituinte soberana
Logo, o que o povo entende por reforma política é o fim da corrupção, mas não vê relação entre a roubalheira e as regras eleitorais.
Assim, na hipótese muito improvável de acontecer uma "constituinte exclusiva", nada mudará, porque os interesses contrários a mudanças são muito grandes.
Para vencer uma resistência formidável, somente uma mobilização formidável.
Essa mobilização só se dará no processo constituinte que dê resposta a aspirações objetivas da população, tais como, reforma agrária, reforma urbana, reforma do estado, saúde, educação, etc...
&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&
Mais higienismo político...
Como isto é impossível, titia se pergunta: quem garante que um mandato específico seja melhor que um mandato generalista?
Santo Deus...
Então não basta a joana d'arc da floresta com a ideia de um partido que é um não-partido, agora queremos uma Carta Política (uma reforma dela) feita por não-políticos, ou políticos que estejam à margem dos nossos conflitos e contradições?
Vem de novo esta lenga-lenga higienista, a dizer que a troca de partidos, a falta de "firmeza ideológica" traz transtornos a nossa jovem Democracia...
Seria o caso de aplaudirmos os neonazis e investirmos neles? Afinal, tem coerência e unidade programática, organicidade, fidelidade partidária, etc...
Ora, titia olha para todos os sistemas partidários e representativos e vê:
Ou é promiscuidade nos partidos, ou na formação dos governos, e como dar jeito?
No nosso caso, pedir uma supressão ou limitação da fluidez de integrantes de partido seria como impedir que os bobocas do palhaço 5 estrelas se juntassem ao capo berlusconi para dar algum governo a Itália dos "socialistas"...
E os exemplos de alastram pelo mundo, seja com retrancas bipartidárias tipo EEUU, seja com mandalas do tipo Alemanha, mas no fim, o que sobra é o velho embate intervencionistas X mercadistas...