Por Motta Araujo
O MORALISMO NA POLÍTICA - A corrupção
faz parte da política desde tempos imemoriais. Nos Estados anteriores à
Era Moderna não havia separação entre o dinheiro do Estado e o cofre do
Soberano.
Foi a partir da Revolução Francesa, com a construção do
Direito Administrativo, que nasce na França o conceito de recursos
públicos à serviço da população e não de quem governa.
Na mesma França
onde o Cardeal de Richelieu declarou ao seu confessor no leito de morte
que era o homem mais rico do País, depois de governá-lo como Primeiro
Ministro, "sou mais rico que o Rei" disse o Cardeal.
Foi com a lenta evolução do direito,
dos costumes políticos e da consciência social que a confusão entre o
público e o privado e a consequente corrupção foi sendo controlada mesmo
nos países mais civilizados.
Nos EUA após a Guerra Civil e até o começo
do Século XX a corrupção política era avassaladora.
No Brasil do
Império os Embaixadores em Londres pediam comissão sobre os empréstimos
contratados pelo Tesouro aos banqueiros.
Enquanto a corrupção vai sendo
lentamente controlada com altos e baixos, no Brasil havia menos
corrupção nos dois Governos Vargas do que há hoje, e olhe que Vargas não
era um fanático combatente contra a corrupção, embora fosse
pessoalmente honesto e obviamente a corrupção no Brasil vem crescendo
ano a ano desde a Nova República.
Mas sendo a luta contra a corrupção
uma exigência da sociedade, o Moralismo como bandeira política não faz
parte dessa luta, apenas usa seus elementos como bandeira e ao fim tem
objetivos bem menos nobres.
Dois nomes símbolos do Moralismo como
bandeira, Jânio Quadros e Carlos Lacerda, não melhoraram o Brasil numa
avaliação historica ampla. Os arautos do Moralismo são espertos que usam
essa bandeira para construir seus próprios objetivos raramente nobres e
costumam gerar custos pol[iticos muito mais caros do que os resultados
que atingem com seus métodos e campanhas, porque corrupção não se
combate com saltos e sim com evolução.
Um pequeno modelo de como o combate à
orrupção mesmo bem intencionado pode fazer o seu contrário: o Tribunal
de Contas da União, ao apontar irregularidades em uma obra costuma
mandar parar a obra. É uma insensatez única, abismal. A parada da obra
custa MUITO MAIS, pode ser centenas de vezes mais do que o custo da
irregularidade, não fazem cálculo de custo/benefício, é impressionante.
Na obra do Corinthians em Itaquera a mesma coisa, caiu um guindaste,
mandaram parar os outros nove, sem se importar que a obra tem um prazo
apertado para conclusão.
No mensalão o processo custou muito mais, se
consideramos todos os fatores, do que a eventual perda de dinheiro
publico. O Moralismo agride a lógica e não traz nenhum resultado.
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