quarta-feira, 18 de setembro de 2013

100 Livros para Inspirar o Jornalismo

Leonardo Sakamoto

Respondendo a uma leitora receosa em cursar jornalismo, escrevi que poderia 
recomendar uma lista de livros de reportagens, literatura e reflexões sobre o mundo e a profissão para acompanhá-la na caminhada – seja ela qual fosse. Na verdade, confesso, o comentário foi puramente retórico. E grande foi minha surpresa quando recebi mais de uma centena de mensagens (!) exigindo a tal lista.
Coloquei-me, então, a organizar os títulos. Como um bom livro puxa o outro, foi impossível me ater a apenas uma dúzia de sugestões. E considerando o quão somos incompletos e errados quando sozinhos, pedi ajuda a amigas e amigos jornalistas. Dessa reflexão coletiva, nasceu uma lista com 100 livros para inspirar o jornalismo e ao jornalismo. Pelo menos um para cada mensagem recebida. É claro que listas servem para cometer injustiças, então peço desculpas de antemão.
Agradeço a Antônio Biondi, Caio Cavechini, Carlos Juliano Barros, Claudia Carmello, Cristina Charão, Guilherme Zocchio, José Chrispiniano, Igor Ojeda, Ivan Paganotti, Lúcia Ramos Monteiro, Maurício Hashizume, Maurício Monteiro Filho, Pablo Uchôa, Renato Godinho, Ricardo Mendonça e Spensy Pimentel as contribuições enviadas.
Evitei manuais e afins mais técnicos nessa lista, mas nada impede que apareçam em uma segunda. Incluso estão livros de fotos e graphic novels – afinal, reduzir uma boa história a um texto é besteira.
Mas vale lembrar: isso é para ajudar a inspirar. Jornalismo não se aprende nos livros, o que passa necessariamente pela vivência diária, conhecendo o outro, o diferente. 
É legal ter bons livros na bagagem, mas eles não substituem bagagem de vida. Que, por mais crucial que seja para um bom jornalismo é o que mais falta na profissão. Seja por falta de oportunidade ou de vontade.
Inspiração, que é boa quando nos carrega para longe. E é excelente quando nos faz mergulhar lá dentro. No início de “O jornalista e o assassino”, Janet Malcolm, sintetiza:
“Qualquer jornalista que não seja demasiado obtuso ou cheio de si para perceber o que está acontecendo sabe que o que ele faz é moralmente indefensável. 
Ele é uma espécie de confidente, que se nutre da vaidade, da ignorância ou da solidão das pessoas. Tal como a viúva confiante, que acorda um belo dia e descobre que aquele rapaz encantador e todas as suas economias sumiram, o indivíduo que consente em ser tema de um escrito não ficcional aprende — quando o artigo ou livro aparece — a sua própria dura lição. 
Os jornalistas justificam a própria traição de várias maneiras, de acordo com o temperamento de cada um. Os mais pomposos falam de liberdade de expressão e do ‘direito do público a saber’; os menos talentosos falam sobre a Arte; os mais decentes murmuram algo sobre ganhar a vida.”
Boa leitura!
PS: Sei que deveria explicar cada um deles e ainda farei isso um dia. Procratinadores do mundo, uni-vos. Por ora, basta a lista.
1)  1984, de George Orwell
2)  A Alma Encantadora das Ruas, de João do Rio
3)  A Ascensão e Queda do Terceiro Reich, de William L. Shirer
4)  A Jangada de Pedra, de José Saramago
5)  A Luta, de Norman Mailer
6)  A Mulher do Próximo, de Gay Talese
7)  A Noite dos Proletários, de Jacques Rancière
8)  A Primeira Vítima, de Phillip Knightley
9)  A Rosa do Povo, de Carlos Drummond de Andrade
10)  A Sangue Frio, de Truman Capote
11)  Abusado: o Dono do Morro Santa Marta, de Caco Barcellos
12)  Abutre, de Gil Scott-Heron
13)  Aí pelas Três da Tarde, conto de Raduan Nassar no livro Menina a Caminho
14)  Ao Vivo do Corredor da Morte, de Mumia Abu-Jamal
15)  As Ilusões Perdidas, de Balzac
16)  As Origens do Totalitarismo, de Hannah Arendt
17)  Bombaim, Cidade Máxima, de Suketu Mehta
18)  Cabeça de Turco, de Günter Wallraff
19)  Caixa Preta, de Ivan Sant’anna
20)  Capão Pecado, de Ferréz
21)  Clarice na Cabeceira, de Clarice Lispector (org. Aparecida Maria Nunes)
22)  Coração das Trevas, Joseph Conrad
23)  Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski
24)  De Pernas pro Ar, Eduardo Galeano
25)  Dedo-Duro, de João Antonio
26)  Devassos no Paraíso, de João Silvério Trevisan
27)  Dez dias que abalaram o mundo, de John Reed
28)  Dom Casmurro, de Machado de Assis
29)  Ébano: minha vida na África, de Ryszard Kapuscinski
30)  Elogiemos os homens ilustres, de James Agee e Walker Evans
31)  Entre os vândalos, de Bill Bufford
32)  Entrevista: o diálogo possível, de Cremilda Medina
33)  Fábrica de mentiras, de Günter Walraff
34)  Fama e Anonimato, de Gay Talese
35)  Gomorra, de Roberto Saviano
36)  Gostaríamos de informá-lo de que amanhã seremos mortos com nossas famílias: Histórias de Ruanda, de Philip Gourevitch
37)  Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa
38)  Hiroshima, de John Hersey
39)  Jornalistas e Revolucionários, de Bernardo Kucinski
40)  K., de Bernardo Kucinski
41)  Ligeiramente Fora de Foco, de Robert Capa
42)  Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa
43)  Malagueta, Perus e Bacanaço & Malhação do Judas Carioca, de João Antônio
44)  Maus, de Art Spiegelman
45)  Medo e Delírio em Las Vegas, de Hunter S. Thompson
46)  Minha razão de viver, de Samuel Wainer
47)  Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto
48)  Muito longe de casa, de Ishmael Beah
49)  Na natureza selvagem, de Jon Krakauer
50)  Na Pior em Paris e Londres, George Orwell
51)  Nada de novo no front, de Erich Maria Remarque
52)  No Logo, de Naomi Klein
53)  Notícias de um Sequestro, de Gabriel García Marquez
54)  Notícias do Planalto, de Mário Sérgio Conti
55)  O Ano I da Revolução Russa, de Victor Serge
56)  O Brasil Privatizado, de Aloysio Biondi
57)  O Estado de Exceção, de Giorgio Agamben
58)  O Guia dos Curiosos, de Marcelo Duarte
59)  O Inverno da Guerra, de Joel Silveira
60)  O jornalista e o assassino, de Janet Malcolm
61)  O livro das vidas: obituários do New York Times, de Matinas Sukuzi Jr. (org.)
62)  O Mundo Assombrado pelos Demônios, de Carl Sagan
63)  O Processo, de Franz Kafka
64)   O Quinze, de Rachel de Queiroz
65)  O Reino e o Poder, de Gay Talese
66)  O Segredo de Joe Gould, de Joseph Mitchell
67)  O Tesouro de Sierra Madre, de B. Traven
68)  O teste do ácido do refresco elétrico, de Tom Wolfe
69)  Olga, de Fernando Morais
70)  On the Road, de Jack Kerouac
71)  Operação Massacre, de Rodolfo Walsh
72)  Os mandarins, de Simone de Beauvoir
73)  Os novos cães de guarda, de Serge Halimi
74)  Os Sertões, de Euclides da Cunha
75)  Os Testamentos Traídos, de Milan Kundera
76)  Os últimos soldados da guerra fria, de Fernando Morais
77)  Pela bandeira do paraíso, de Jon Krakauer
78)  Perdoa-me por me traíres, de Nelson Rodrigues
79)  Planeta Favela, de Mike Davis
80)  Por quem os sinos dobram, de Ernest Hemingway
81)  Procedimento Operacional Padrão, de Errol Morris e Philip Gurevitch
82)  Radical Chic e o novo jornalismo, de Tom Wolf
83)  Rota 66, de Caco Barcellos
84)  Sagarana, de Guimarães Rosa
85)  Sapato Florido, de Mario Quintana
86)  Shaking the Foundations: 200 Years of Investigative Journalism in America, de Bruce Shapiro
87)  Showrnalismo: a notícia como espetáculo, de José Arbex Jr.
88)  Sidarta, de Hermann Hesse
89)  Sobre a televisão, de Pierre Bourdieu
90)  Sobre Ética e Imprensa, de Eugênio Bucci
91)  Terra Sonâmbula, de Mia Couto
92)  The Black Hole of Empire, de Partha Chatterjee
93)  The Onion Field, de Joseph Wambaugh
94)  Toda Mafalda, de Quino
95)  Todos os Homens do Presidente, de Carl Bernstein e Bob Woodward
96)  Tudo o que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade, de Marshall Berman
97)  Uma história de Sarajevo, de Joe Sacco
98)  Vidas Secas, de Graciliano Ramos
99)  Vigiar e Punir, de Michel Foucault
100) Viver para Contar, de Gabriel García Marquez
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