segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Gigantes da tecnologia também apostam na vigilância

 Por: Bruno Fonseca, Jessica Mota, Luiza Bodenmüller e Natalia Viana | Agência Pública | São Paulo

Analistas estimam que, em 2015, cerca de 4,4 milhões de pessoas estarão trabalhando em análise.

O mercado em torno da análise qualificada de grandes bases de dados, o chamado big data, está em franca expansão. Para se ter ideia, analistas estimam que, em 2015, cerca de 4,4 milhões de pessoas estarão trabalhando nessa área. E um dos ramos que mais se beneficia disso é a vigilância eletrônica.

Atentas ao potencial lucrativo desse nicho de mercado, empresas como a IBM e a HP já investem na compra de empresas especializadas no desenvolvimento desse tipo de tecnologia.

Em 2011, a HP anunciou a compra da Autonomy, uma empresa inglesa líder no campo de “desenvolvimento de softwares que ajudam organizações do mundo inteiro a entenderem o significado por trás da informação”. 

Como? Um time de analistas varre conteúdos de e-mails, documentos, fotos, redes sociais e outros tipos de mídia, atrás de informações relevantes, de acordo com a demanda do cliente. Segundo o site, organizações como KPMG, Philips, Oracle e T-Mobile já utilizaram os serviços da Autonomy, além de órgãos de governo, como o Parlamento britânico, o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos e também o Banco do Brasil, que adotou o uso do software IDOL, desenvolvido pela empresa inglesa, em 2010.

Fundada em 1996, a Autonomy está presente em três continentes, com uma lista de mais de 65 mil usuários mundo afora, além de 400 parceiros de produção e 400 parceiros de revenda de produtos, que incluem grandes empresas como Adobe e Novell. Há suspeitas de que a Autonomy tenha inflado dados de faturamento e receita para favorecer a compra pela HP.

A IBM também tem investido – e faturado – com o mercado de vigilância desde que, em 2011, anunciou a compra da i2 Limited, empresa inglesa de análise dados de segurança . A i2, que foi fundada em 1990, diz ter colaborado diretamente com a localização de Saddam Hussein, em 2003: as forças norte-americanas utilizaram um dos seus softwares para rastrear o paradeiro do ex-presidente iraquiano.

Com mais de 4.500 clientes em cerca de 150 países, a i2 oferece tecnologia para “combater insurgência e terrorismo, e garantir a segurança nacional”. Organizações como a Interpol, FBI e OTAN utilizam os softwares da subsidiária da IBM para rastrear grandes quantidades de dados provenientes da internet, chamadas telefônicas e dados bancários e “coletar, integrar, analisar, visualizar e distribuir informações” a fim de interceptar indícios de atividade criminosa.

No Brasil, a Tempo Real Group, uma das distribuidoras da i2, presta serviços para diversos clientes, como ANP (Agência Nacional de Petróleo), Banco do Brasil, Bradesco, Controladoria-Geral da União, Ministério Público Federal, Ministérios Públicos do Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, Polícias Civis do Distrito Federal, Minas Gerais e São Paulo, Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República e Receita Federal. 

O produto? Softwares de rastreamento e processamento de dados para fins diversos, que vão do combate à corrupção e investigação de fraudes à interceptação de crimes que coloquem em risco a segurança nacional.

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