quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Por que a Rússia e a China apoiam a Síria?

Interesses militares, econômicos e busca por estabilidade levam países a defender Assad em cenário internacional

Há dois anos e meio mergulhado em uma guerra civil e enfrentando acusações de uso de armas químicas contra sua população, o governo da Síria encontra-se sob forte pressão no cenário internacional, sobretudo por parte dos EUA, que chegaram a ameaçar com uma intervenção militar . O regime de Bashar al-Assad , no entanto, também conta com dois aliados externos de peso: Rússia e China.

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Presidente da Rússia, Vladimir Putin, aguarda premiê italiano para reunião do G20 em São Petersburgo (foto de arquivo)

É da Rússia a proposta de entrega de armas químicas , no que pode ser uma saída diplomática para evitar a possível ação militar defendida pelo presidente Barack Obama. A razão principal de os governos de Moscou e Pequim defenderem o governo sírio é o temor de uma instabilidade na região.
A Síria é um aliado histórico da Rússia, desde os tempos da antiga União Soviética (1922-1991). “Essas boas relações duram há décadas. Bashar al-Assad e, antes dele o seu pai (Hafez al-Assad, que governou de 1971 a 2000), se mostraram aliados constantes. Até agora, a Síria era um dos países mais estáveis da região”, afirmou Tullo Vigevani, professor de Relações Internacionais da Unesp.
Embora a influência russa venha diminuindo no mundo, o país ainda é uma grande potência do ponto de vista militar e energético. “Portanto, seu governo e as Forças Armadas têm interesse em manter aliados em algumas regiões estratégicas, como o Oriente Médio”, explicou Vigevani.
Veja imagens do conflito sírio desde o início do ano:
Tanque velho sírio é cercado por fogo após explosão de morteiros nas Colinas do Golan, território controlado por Israel (16/07). Foto: AP
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Um dos exemplos práticos do interesse russo são os contratos para venda de armas para Assad, no valor total de US$ 5 bilhões. E fica em Tartus, litoral sírio, a única base naval russa no Mediterrâneo.
Segundo uma análise de Daniel Treisnam, professor de ciencias políticas na University of California, o Kremlin ainda se preocupa que o sucesso dos rebeldes na Síria encorajaria a proliferação da militância islâmica, que poderia se espalhar rumo ao norte, chegando perto de suas fronteiras.
E a China?
Para a China, o apoio ao regime atual é sobretudo pragmático e mercantil. “O país presa muito a estabilidade."
O cálculo dos líderes chineses é que a saída de Assad represente um grande risco de uma “iraquinização” da Síria, ou seja, leve a uma situação de conflito permanente e até mesmo à dissolução do Estado em algumas regiões, segundo o professor da Unesp.

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O novo secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, no encerramento do congresso em Pequim (foto de arquivo)

O regime autoritário de Pequim também não vê problemas no fato de a Síria ser governada por um ditador, mesmo que ele atente contra sua população, como tampouco acredita que um período de turbulência se justifique em nome de se estabelecer uma democracia.
O importante é ter o Oriente Médio o mais estável possível para que não haja grandes variações do preço do petróleo, nem alterações no comércio global.

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